domingo, 30 de abril de 2017

ROSA DO DESERTO


            A Rosa do Deserto ou Lírio Impala é uma planta suculenta belíssima de caule escultural e floração exuberante, originária do sul da África e da Península Arábica, que vem encantando jardineiros no mundo todo. Seu nome científico é Adenium spp da família Apocynaceae.
             A Rosa do Deserto desperta grande curiosidade por seu aspecto belo e singular, que logo se transforma em amor naqueles que passam a conhecê-la mais a fundo, porque ela possui características que a tornam única e muito diferente de qualquer outra flor que você já conheceu:
  • ·        Floresce com frequência
  • ·        É fácil de cuidar
  • ·        Você pode viajar por um mês sem se preocupar; sua Rosa do Deserto se manterá viva!
  • ·        Pode ser facilmente conduzida no estilo Bonsai
  • ·        Requer mínimos cuidados
  • ·        Normalmente não são afetadas por doenças
  • ·        Necessitam de menos água que cactos e suculentas
  • ·        Podem crescer em qualquer local, inclusive em apartamentos

ESPECIES DE ROSA DO DESERTO

1.      Adenium somalense – Ocorre desde o sul da Somália até o Quênia e Tanzânia. Na natureza alcançam até 15 metros de altura, com tronco maciçamente inchado. As plantas crescem de forma bastante rápida e fazem um grande caudex em comparação com o tamanho da planta em poucos anos. O Adenium somalense tem flores menores do que a maioria das outras espécies de Adenium, mas com lindas listras vermelhas e brancas. As pequenas flores começam a aparecer no final da estação de crescimento, seguido por uma floração mais profusa durante o inverno, enquanto as plantas ainda têm folhas. As flores são rosa com vermelho nas bordas, e uma garganta branca com guias de néctar em destaque. Os apêndices das anteras são salientes e vão pouco além do tubo. É muito utilizado por bonsaistas e muito difícil de ser encontrado em viveiros comerciais. Esta espécie é extremamente intolerante ao frio. Temperaturas abaixo de 10° C por algumas semanas normalmente farão com que as raízes morram. Mesmo manter a planta seca no inverno não impedirá de maneira confiável esse colapso. Provavelmente por esta razão e por causa de seu grande tamanho, não é comum no cultivo.

                             
2.      Adenium socotranum – É a variedade mais rara de todas. É uma espécie endêmica da Ilha de Socotra no Oceano Índico, ao sul da península arábica, pertencente ao Iêmen. É o gigante do grupo, com troncos maciços de até 10 metros de altura e 8 metros de diâmetro. Por muitos anos Socotra hospedou um porto naval soviético e nunca permitiu a disponibilidade de plantas e sementes fora dos limites da ilha. Atualmente, as visitas à ilha ficaram mais acessíveis, mas as autoridades ainda são muito protetoras dos recursos naturais e a coleta de plantas e sementes é considerada ilegal. Por este motivo, pouquíssimos exemplares da espécie existem fora dela e por isso são caras e raras de serem encontradas.
            


3.      Adenium swazicum - Suas flores variam de lilás a quase magenta, sendo suposto ser o Adenium mais resistente. A cor incomum de suas flores e natureza florífera, bem como o padrão de crescimento compacto são suas melhores características. O Adenium swazicum ocorre na Suazilândia e partes adjacentes da África do Sul. Seu alcance se estende até regiões altas que têm invernos bastante frios. Esta espécie tolera geadas leves, com pouco ou nenhum dano. As hastes tendem a ser fracas e o caudex tende a ser subterrâneo, florescendo no verão e outono (alguns clones florescem na maior parte do ano). A característica peculiar delas são as pétalas de cor sólida (sem clarear na direção da garganta), que é de cor mais escura e não tem guias de néctar. Além disso, os apêndices das anteras são muito curtos e escondidos no interior do tubo, uma característica que compartilha apenas com a Adenium boehmianum. As flores brancas são conhecidas no cultivo. A literatura diz que plantas selvagens podem ter flores vermelhas, mas elas parecem ser desconhecidas no cultivo. Esta espécie é provavelmente a segundo mais popular no cultivo depois da Adenium obesum. É também um dos pais de muitos dos híbridos existentes.
          


4.      Adenium obesum – É uma espécie altamente variável, com uma vasta gama de formatos de plantas, folhas e flores. Geralmente é auto-estéril, embora alguns clones produzam sementes quando estão sozinhos. As folhas podem ser pequenas ou grandes, lisas ou tormentosas; o crescimento pode ser compacto e espesso ou alto e magro; o caudex pode ser baixo e gordo ou alto e estreito. Suas flores vão desde o branco puro até o vermelho-escuro. Há dois subtipos ou populações diferentes de Adenium obesum. Uma ocorre quase em toda a África e numa maior parte ao sul do Saara, do Senegal até o Sudão e Quênia. Outra população, supostamente da mesma espécie, ocorre na Tanzânia, no sul do Quênia e norte de Moçambique. O identificador mais útil desta espécie é, provavelmente, o fato de as pétalas se desvanecerem de mais escuras nas margens a mais pálidas em direção à garganta da flor. Os apêndices das antenas crescem para a borda da garganta ou um pouco mais além. Esta é uma espécie que potencialmente pode florescer, sob condições tropicais, em qualquer época do ano. Os caudex variam de pouco desenvolvidos a substancialmente desenvolvidos em diferentes clones, mas nunca são tão grandes como os de Adenium arabicum, somalense ou socotranum. O Adenium obesum tem sido altamente selecionado e domesticado no cultivo, produzindo uma ampla gama de cores do branco ao vermelho roxo e até ao negro. Há também bicolores e mutantes com flores ou folhas variadas.




      5 - Adenium arabicumÉ nativa da faixa estreita perto da costa ocidental da península Arábica sul (no Iêmen e Arábia Saudita). Estas plantas crescem rapidamente e desenvolvem grandes caudex maciços em apenas alguns anos e florescem principalmente na primavera. A Adenium arabicum é uma espécie comumente utilizada e cultivada para bonsai pelo formato de suas folhas, forma de crescimento e características de floração. As folhas desta espécie têm uma superfície ampla. Suas folhas também tendem a ser grandes, grossas e com aparência coriácea. Sua forma de crescimento é achatada e gorda, com um caudex bem definido e sem muita diferenciação entre tronco e galhos. A cor de sua pele varia do roxo ao marrom escuro. As flores variam do rosa ao rosa avermelhado. As folhas desta planta são pequenas, suavemente peludas e distintamente suculentas. As plantas podem ser mantidas secas no inverno por vários meses. Este período de dormência promoverá a sua floração. Suas sementes são particularmente grandes e suas mudas formam rapidamente um caudex bem duro. Ao contrário da variedade obesum que apresenta uma enorme gama de cores, cerca de 99% dos arabicum têm flores rosa, variando do rosa claro ao escuro. Esta variedade, por apresentar um caudex que cresce rapidamente e produz muitos ramos é ideal para o crescimento como bonzai.
        


6.      Adenium boehmianum – É originária do noroeste da Namíbia e sul de Angola. É uma espécie de crescimento lento e leva vários anos para florescer. As flores são quase brancas ou rosa pálido com a garganta roxa escura e uniforme. O seu caudex e as ramificações possuem uma coloração prateada e têm folhas caducas verde-acinzentadas e dobradas ao longo da nervura central. Sua seiva é usada como veneno de flecha por tribos nativas do sul da Namíbia.
            


7.      Adenium multiflorum É nativa de Moçambique e Zimbabwe. Ela tem as segundas maiores folhas do gênero. Estas plantas têm uma dormência de inverno obrigatória. Geralmente têm o tronco (caudex) mais estreito do que a obesum e são uma espécie decidual, florescendo de maio a agosto, enquanto a planta está sem as folhas. As flores são abundantes e, possivelmente, as mais impressionantes de todo o grupo. As pétalas são afiadas em forma de estrela, de vermelho brilhante e de diferentes larguras, nitidamente delimitadas a partir das partes brancas interiores. A melhor maneira de reconhecer esta espécie são suas flores brancas com borda vermelha estreita e os apêndices das anteras que são extensas muito além da garganta com seus guias de néctar em destaque. Entretanto, a Adenium multiflorum não é muito cultivada. As razões prováveis são o fato de seu crescimento ser mais lento do que a Adenium obesum, a necessidade de uma queda de temperatura e luz forte no inverno para florescer bem e a temporada de floração ser bastante curta.
           

           
        A Rosa do Deserto se caracteriza por apresentar morfologicamente um espessamento do seu colo (caudex) e sistema radicular. Esta adaptação está ligada ao armazenamento de água e nutrientes, o que garante a sua sobrevivência em locais áridos. No Brasil, recentemente a Rosa do Deserto tem sido muito comercializada por floricultores e paisagistas devido ao seu alto valor ornamental. Entretanto, ainda não dispomos de informações técnicas agronômicas que possam dar suporte a um sistema padronizado de produção comercial.
          A Rosa do Deserto pode ser cultivada por sementes ou estacas. Os troncos grossos com a característica parecida com a dos grandes Baobás, só podem ser obtidos através do cultivo de sementes. Um dos segredos para deixar a base do caule interessante é levantar um pouco a planta, deixando a parte superior das raízes exposta a cada replantio, que deve ser realizado a cada dois ou três anos. Podas de formação devem ser criteriosas para não gerar deformidades não naturais e cicatrizes feias na planta. Use luvas nas podas e no manuseio da planta pois sua seiva é altamente tóxica.
            As florações da Rosa do Deserto podem ser obtidas em plantas jovens, com apenas 15 cm de altura. O florescimento geralmente ocorre na primavera, sendo que há possibilidade de sucessivas florações no verão e outono. As cores são variadas, indo do branco ao vinho escuro, passando por diferentes tons de rosa e vermelho. Muitas variedades apresentam mesclas e degrades do centro em direção as pontas das pétalas. Há ainda variedades de flores dobradas, triplas, quadruplas, entre outras. Há também flores negras, que ao contrário das outras precisa de um PH mais ácido. Devido a inúmeros cruzamentos que estão sendo realizados por cultivadores de todo o mundo, estão aparecendo cada vez mais Rosas do Deserto com tons mesclados e diferentes cores.


DICAS PARA O CULTIVO DA ROSA DO DESERTO

As Rosas do Deserto são plantas vigorosas e fáceis de manejar, mas há alguns segredos para se conseguir um belo formato do caule e das raízes e para estimular espetaculares florações:

1.   Iluminação - As Rosas do Deserto são plantas exigentes em luz. Elas devem tomar de quatro a seis horas de sol por dia, caso contrário, não florescerão ou florescerão pouco. Na falta de sol, também podem acontecer duas coisas: estiolamento (crescimento débil em comprimento) ou uma tendência em procurar a luz, fazendo com que a planta entorte para um lado.
2.   Temperatura - As Rosas do Deserto não gostam do frio. Não toleram temperaturas abaixo de 10° C Em baixas temperaturas, seu metabolismo fica muito lento, dormente. Quando expostas ao frio, as folhas ficam amarelas e caem. Deixam de florescer, e se estiverem floridas as flores caem. Nestas condições, as regas devem ser bem espaçadas, até porque não vão aproveitar muito as irrigações. Uma estufa seria uma saída interessante para manter a planta em crescimento vegetativo em locais com inverno mais rigoroso, como no sul do Brasil e em regiões serranas.
3.  Substrato – O substrato para Rosas do Deserto é bem específico, mas fácil de preparar. Ele deve ser rico em Potássio, Fósforo e Cálcio, leve e, essencialmente, bem drenável. Entretanto, por ser um substrato drenável, é frequente a perda de nutrientes, que são constantemente lavados durante as regas e as chuvas, por isto adubações complementares são muito bem vindas. O Nitrogênio é um nutriente que deve ser usado com cautela, pois pode provocar um desenvolvimento excessivo na planta. Mais importante que a fertilidade do substrato, é sua capacidade de drenar a água. Muitos usam areia grossa. Ela funciona, mas o vaso fica muito pesado. A melhor mistura é aquela com o uso de carvão. O carvão é leve, fértil, drenável e ainda ajuda na manutenção da umidade e aeração do substrato. Além disso, é barato e fácil de conseguir. Só deve ser evitado o carvão que sobrou na churrasqueira, pelo excesso de sal que contém. Para produzir este substrato, use composto orgânico, enriquecido com farinha de ossos, mais carvão moído (50% de composto orgânico + 50% de carvão moído). O composto orgânico contém os nutrientes essenciais às Rosas do Deserto, além de reter certa umidade. O carvão moído deixará o substrato leve e aerado, além de conter uma boa porcentagem de Potássio, um micronutriente importante. Além disto, o carvão é resistente à decomposição, aumentando muito a durabilidade do substrato. O composto orgânico poderá ser substituído por húmus de minhoca ou, com menos vantagem, por esterco curtido. Já o carvão poderá ser substituído por casca de arroz carbonizada, ou também, com menos vantagem, por casca de árvores. Usando cascas de arvores, a durabilidade do substrato diminui, pois não são tão resistentes à decomposição quanto o carvão. Uma rosa-do-deserto saudável produz belas e abundantes florações. Usando este substrato, realize as regas quando ele estiver seco, fazendo adubações de cobertura a cada 40 dias, usando composto orgânico e farinha de ossos.
4. Podas - Não tenha medo de podar sua Rosa do Deserto. As podas são imprescindíveis para dar forma à planta e servem também para estimular as florações. Tenha cautela ao usar as podas para induzir o florescimento. Use-a como último recurso. Antes disso, melhore a adubação, dando mais atenção aos nutrientes já citados acima. Para dar formato à planta, podem ser usados também os recursos dos bonsaistas, como “aramar” os galhos ou usar fios de barbante para ancorá-los. Faça sempre cortes em bisel nos ramos, evitando assim o acúmulo de água nos ferimentos. O pó de canela tem sido usado com sucesso como cicatrizante nos cortes, prevenindo o aparecimento de doenças fúngicas.
5.   Propagação - A Rosa do Deserto pode ser propagada por sementes ou estacas. Se a opção for por sementes, deixe-as de molho em água não clorada para se hidratarem. O tempo mínimo na água é de duas horas. Podem também ser plantadas sem este tratamento, mas neste caso o tempo de germinação aumentará em 2 a 3 dias. Depois de hidratadas, plante as sementes em recipientes individuais e bem identificados. Estes recipientes podem ser copinhos de plásticos de 200 ml ou bandejas de isopor com células individuais. As bandejas de 128 células, facilmente encontradas em agropecuárias, são ideais. O tempo para as sementes germinarem varia de 2 a 4 dias. Durante este período, mantenha o substrato constantemente úmido. Quando todas estiverem germinadas reduza a irrigação para uma ou duas vezes ao dia e, à medida que forem crescendo, a irrigação deve ser gradativamente espaçada. As mudinhas devem ficar sob sol pleno para irem se acostumando a esta condição de luminosidade. O momento para o transplante é quando a mudinha estiver com 3 pares de folhas definitivas. Depois de 6 a 8 meses de germinadas as pequenas plantas começam a florescer. Outra forma de propagá-las é por estacas. Aproveite as podas para fazer mudas por estaca, mas lembre-se que essas mudas não desenvolverão um caudex exuberante como as originárias de semente.


6.   Adaptação - Se você comprou sua planta em um viveiro ou supermercado, é normal as folhas e flores caírem, não se preocupe. As folhas vão amarelecer e cair, assim como as flores. Isto é normal, pois elas mudaram drasticamente de ambiente. Não faça transplante e nem adube até que sua planta esteja totalmente adaptada ao novo local, demonstrando crescimento.
7.   Irrigação - Uma das formas de saber se sua planta está com sede é apertando o caudex (caule) de leve. Se ele estiver murcho, isso significa que a planta está desidratada. Neste caso, faça uma boa irrigação, mas sem encharcar e verifique constantemente o substrato. Caudex murcho, pode também ser um indício de podridão. Quando apertar o caudex, e verificar que está murcho, aperte outra parte do caudex. Se também estiver murcho, é quase certo que sua planta está realmente desidratada. Caso contrario, pode ser podridão.
8.   Podridão - Se a sua Rosa do Deserto estiver podre, não se desespere, muitas vezes há salvação. Limpe todas as raízes, ficando assim com todas as raízes nuas. Com uma colher, elimine toda parte lesionada (podre) e pendure a planta num local sombreado. Deixe a planta nestas condições (pendurada) até que cicatrize toda ferida aberta. Isto levará no mínimo uns 5 ou 6 dias. Depois, replante-a com um novo substrato. Deixe a planta mais uns 3 a 4 dias na sombra, depois a leve gradativamente a pleno sol. Nestas condições, também poderá haver perda de folhas. É bem provável que, depois desta operação, o caudex fique com um buraco. Este buraco será para sempre. Mas você poderá disfarçá-lo usando uma pedra ou um enxerto lateral.

                A Rosa do deserto costuma dar flor entre um e dois anos, mas, para conquistar aquele caule grosso e sinuoso que vemos em exemplares de exposição, você terá de "trabalhar" a planta periodicamente, como um bonsai. Isso inclui replantes, corte de raízes e de brotações superiores e outros cuidados para evitar o surgimento de fungos. A cada dois anos, desenvase o torrão de raízes com cuidado, acrescente uns três dedos de substrato no vaso em que a planta estava e, então, volte o torrão ao lugar. O "degrau" que ficará na superfície do vaso deixa a terra alguns centímetros acima da borda e será eliminado com as regas, expondo, pouco a pouco, alguns centímetros das raízes. Esta técnica chamada de "levantamento de raízes" é usada pelos bonsaístas para deixar uma aparência mais escultural à planta. Por ser uma planta de crescimento lento, uma Rosa do Deserto adulta, formada e trabalhada pode custar, dependendo da idade, da cor da flor e do formato obtido, até mais de R$ 1.000,00. Drible esse problema comprando mudas jovens ou, melhor ainda, plantando suas próprias sementes. Mas se esse cultivo mais dedicado não for sua praia, prefira mudas jovens de caule bem formado e deixe que a planta cresça naturalmente. Afinal, linda ela já é.



Nenhum comentário: